domingo, setembro 02, 2012

Muito rabo escondido com gato de fora

Aumenta o número detidos por envolvimento ou em conexão com os casos de raptos. Principalmente nas cidades de Maputo e da Matola. Até ao momento, pelo menos 15 pessoas, entre homens e mulheres, estarão detidas nas celas da PRM. Tal não implica e não parece indiciar que se esteja perto de chegar aos mandantes dos crimes. Muito embora o “Notícias” (edição do passado dia 5, página 3) escreva em título que “Recentes detenções trazem novos dados”. E, logo a seguir: Uma série de ovas informações colhias na sequência das recentes detenções de supostos raptores estão a ser arroladas pela PRM, para esclarecer este fenómeno, bem como identificar e localizar seus mandantes. E, o que nos interessa saber é exactamente isso. Quem são os mandantes dos raptos. Onde estão e os motivos que os leva a agir como estão a agir. De acordo com o que mais escreve o matutino, as informações conseguidas, são ainda de carácter sigiloso. No grupo dos agora detidos, encontram-se dois jovens (...) apontados como sendo os guardas de duas das residências arrendadas no bairro de Khongolote para servirem de cativeiro dos sequestrados. Logo, ao que parece, todos estes detidos não passam de “peixe miúdo”. De “raia miúda”. De patos e de galinhas numa rede bem organizada de raptores e de extorqui dores de elevados resgates. Como sempre e em muitos outros casos, os “tubarões” estão de fora. Ficaram de fora. Bem protegidos e bem longe das vistas destes modestos servidores. Que devem ganhar pouco com o negócio. Quase nada. Ou nada. A vida, de facto, para uns é fada e rainha. Para outros, a maioria, é madrasta. Até aqui e como se pode verificar, investigação jornalística houve nenhuma. O que se sabe foi divulgado pela PRM. E, como também se sabe, a informação tornada pública serve apenas, única e exclusivamente, a quem a divulga. O resto é pura ilusão. Pura manipulação da opinião pública. Na notícia já citada, o representante da PRM terá refutado notícias divulgadas por alguns órgão de imprensa segundo as quais os sequestros eram planeados e ordenados em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos ou na África do Sul. Se assim, se esta informação é verdadeira, se este posicionamento da PRM é verdadeiro, tem fundamento e pode ser fundamentado, podem ser levantadas outras questões. A primeira é se sabendo onde não foram planeados e ordenados os sequestros, sabe onde o foram. Em termos de lógica formal, a resposta só pode ser sim. A PRM sabe. Mas não diz. Pelo menos, até ao momento disse nada. De facto, esta questão dos raptos é bem complexa do que possa parecer. Do que aquilo que nos é dado ver. E se, de facto, este é um problema nosso, nacional, ou não. Talvez não. O que desejamos, o que não queremos, é ser cobaias em frente a interesses outros. Em relação aos quais nada temos a ver. Nem a ganhar nem a perder. Nós outros. Humildes cidadãos da pátria de Mondlane e de Samora. Concluir, por hoje, que nesta questão dos raptos, como poderá estar a acontecer em muitas outras, parece haver muito rabo escondido com gato de fora.