quarta-feira, março 28, 2007

vale a pena avaliar

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de Fevereiro 11, 2007


antes e depois

Luís David

Aquando da entrada em vigor do actual modelo de horário único, foram aduzidos vários argumentos. Argumentos de peso e, naturalmente, válidos. Todos a favor do modelo que se pretendia adoptar. Desde o da redução dos gastos em transportes por parte dos trabalhadores, à possibilidades destes ficarem com a possibilidade de ocupar o maior tempo livre em qualquer actividade secundária, pessoal. Passando, também, e entre outros argumentos, pelo descongestionamento dos transportes pela prestação de um melhor serviço público. Ora, passado o tempo que passou desde que o actual modelo de horário está em vigor, seria interessante fazer uma avaliação sobre os resultados obtidos. Seria interessante encontrar forma de saber se os objectivos previstos foram alcançados. Ou, em alternativa, se não foram atingidos. Ou, ainda, se os objectivos foram atingidos apenas parcialmente. Digamos, talvez fosse útil realizar um inquérito, uma pesquisa, ou o que seja outro o nome se lhe possa dar, para avaliar do impacto da medida. Para avaliar, sobretudo, o que pensa da medida quem dela era suposto beneficiar. Para saber se, de facto, beneficia e em que medida beneficia ou se não beneficia.



No decorrer da recente reunião do Conselho Hospitalar, o Ministro da Saúde disse uma coisa que, certamente, muitos de nós desconhecia. Ou, não conhecia. Disse ele, sem que esteja a respeitar o rigor das suas palavras, que Moçambique é o único país a nível da região da África Austral em que as unidades sanitárias, na sua maioria, funcionam apenas no período da manhã. Mostrando-se preocupado com a situação, mais disse o Ministro da Saúde ser urgente abandonar a actual prática que contribui para a má qualidade dos serviços clínicos praticados pelas unidades sanitárias do país. Ora, podendo não se tratar de uma situação que se enquadre no chamado horário único, merece reflexão. Justifica que se volte a colocar a questão de saber a quem beneficia e a quem não beneficia o horário único. O que parece vir reforçar, em último caso, a necessidade de se conhecer os ganhos resultantes com o actual horário. De resto, sabe-se que muitas empresas adoptaram o horário único pelo simples facto de ter sido adoptado pelo Estado. Pelo facto de não poderem manter trabalhadores improdutivos a partir de determinada hora do dia. Digamos, durante quase cerca de um terço do tempo útil de trabalho diário. Não é tarde, nunca é tarde para se proceder a uma avaliação sobre as reais vantagens da decisão. De resto, vale a pena avaliar.