domingo, agosto 16, 2009

é preciso trabalhar mais e mentir menos

Depois da realização do Colóquio Nacional sobre Acidentes de Viação, seria de esperar que algo começa-se a mudar. Em termos de prevenção rodoviária. Em termos de mudança de atitude e de comportamentos. Por parte de quem tem por missão zelar pela circulação, pela boa circulação em estradas e em artérias de centros urbanos. Mas, parece que não. Parece que assim não está acontecer. Que ainda não está a acontecer. Ora, se assim não está a acontecer, a presença do Presidente da República no referido Colóquio terá sido não mais do que perda de tempo. Para ele, Chefe do Estado. E, uma ilusão para todos nós. Que acreditámos nas afirmações e nos discursos proferidos na ocasião. Que acreditámos nas palavras bonitas. Nos planos e nas estratégias para combater, para reduzir os acidentes de viação. Que todos pareciam ter. Mas que ninguém leva à prática. Estaremos, muito provavelmente, perante uma cerimónia de tentativa de transformação do desejo em realidade. De ilusionismo ou de magia. Talvez de mágica. Em que o objectivo final seria um. E único. Tentar mostrar ao chefe que todos estamos muito preocupados com o problema. E, em resolver o problema. Mesmo não fazendo nada, coisa nenhuma para o resolver.


Já agora, na sua edição de 18 do corrente, o “Notícias” titula que “Novos sinais vigoram no país”. Sem dúvida, um novidade para quem conduz. Acrescenta o matutino que Os condutores de veículos automóveis passam a partir de agora a conviver e a obedecer novos sinais de trânsito harmonizados com a região da SADC com a imediata entrada em vigor do regulamento desses símbolos, aprovado semana passada pelo Conselho de Ministros. Acrescenta a local que em todas as estradas reabilitadas ou em processo estão a ser colocados novos sinais, que entretanto não são do domínio público (...). Ora, a primeira questão que se coloca é bem simples. Se esses sinais não são do domínio público, como podem ser obedecidos e respeitados. Da mesma forma que se não pode desejar aquilo que não se conhece, também não de pode respeitar e obedecer àquilo que se desconhece. Em segundo lugar, o que o jornal publica não é lei. Ninguém está obrigado a obedecer a novas regras de trânsito só e pelo simples facto de alguém dizer a um jornal que elas existem. Podem, de facto, existir. Mas não estão em vigor. É legitimo, todo o condutor tem legitimidade para não respeitar os sinais que não conhece. É obrigação do INAV, é obrigação estatutária do INAV divulgar, amplamente, as alterações ao Código de Estrada. Antes de nos vir dizer, de forma arrogante, mal educada e prepotente, que ontem era assim, hoje passou a ser de forma diferente. Não tem esse poder. Felizmente. O que o INAV, tem de perceber é questão outra e diferente. É que não sendo parte da solução, como não quer ser, da redução dos sinistros nas estradas, é parte do problema. Para não se ter de dizer que é o problema. Em conclusão, dizer, apenas, que é preciso trabalhar mais e mentir menos.