domingo, agosto 30, 2009

Haja a necessária coragem para investigar

Aníbal dos Santos Júnior, voltou ao local de onde nunca devia ter saído. A prisão. “Anibalzinho”, como muitos lhe chamam e, parece, gosta de ser apelidado, voltou à prisão. Uma vez mais. E, esperemos que pela última. Até cumprir a pena a que foi condenado por Tribunal. Quanto mais não seja por, até hoje, as suas “fugas” terem alguns contornos demasiado rocambolescos. Que podem não passar de histórias mal contadas. De histórias em que uma criança do ensino primário tem dificuldade em acreditar. Sejamos claros e objectivos. Durante alguns dias, vários órgão de Informação disseram isto e mais aquilo. Com chamadas e fotos na primeira página. Espaço nobre a que nem todos têm acesso. Menos ainda, direito. Depois, o condenado chegou. Finalmente. Nem como nem quando alguns haviam previsto. Mas, chegou. Quando imperou a vontade e o desejo de quem tinha o poder para o fazer chegar. E, convenhamos, entendeu ser o momento oportuno para o fazer entrar no país. Desta vez, já não de forma triunfal. Mas, como um criminoso, como um prisioneiro normal dominado pela autoridade policial. Pela autoridade do Estado. E de nos vir dizer, depois, dia seguinte, quarta-feira, onde o tal “Anibalzinho” iria cumprir o resto do tempo da pena a que foi condenado.


É, precisamente, no dia a seguir à chegada do foragido que acontece a grande desilusão. Para nós. Pelo menos alguns de nós. É que, em conferência de Imprensa, a PRM disse nada sobre a fuga. Disse nada como fugiu e como viveu na África do Sul. Como disse nada sobre onde irá ficar encerado o criminoso. Disse, isso sim, que não haverá mais fugas. Esperemos que não. Como disse que Aníbal dos Santos Júnior, vulgo “Anibalzinho” usou documentação falsificada para circular na África do Sul, durante o tempo em que esteve evadido das celas do Comando da PRM, em Maputo, com o nome de Maurício Alexandre Mula. Falso, seria, igualmente, o documento para conduzir viaturas no país vizinho. Mas, tudo isto são, apenas detalhes. A questão de fundo é a de se saber como e em que circunstâncias saiu da prisão. Depois, sim, se vivia e se circulava na África do Sul com documentação falsificada, quem lha falsificou. Quem lhe deu carta de condução e passaporte falsos. Sendo que, falso e falsificado são coisas diferentes. Ao certo, e é o mínimos que se pode concluir, estamos perante um jogo de palavras. Mas, um jogo de palavras que só serve ao crime organizado. Proibição de importação de galinhas congeladas do Brasil, por suspeita de transportarem drogas, detenção de “Anibalzinho”, na véspera da sua hipotética deslocação para o Brasil, podem não ser meros acasos. Podem não ser mera coincidência. Haja a necessária coragem para investigar.