domingo, agosto 09, 2009

todos temos o direito de não escolher

Muito já foi dito e escrito sobre a lei. A lei da violência doméstica contra a mulher. Recentemente aprovada pelo Parlamento. De resto, nada de bom ou de mau, de positivo ou de negativo, resultaria ao engrossar a fila dos defensores ou dos detractores do referido texto legal. Pretende-se, isso sim, deixar um outro tipo de alerta. E de alerta para outros tipos de violências. Por exemplo, da violência que nos entra em casa sem pedir licença. Da violência que nos entra em casa através das televisões. Mais precisamente de algumas mensagens publicitárias televisivas. Campo este, em que parece vivermos numa selva. Num terreno, num campo, em que vale tudo. Sendo que não existe limite para o mau gosto. Para a ignorância. Para o tentar apresentar o falso como verdadeiro. Para a falta de ética e de moral. Mesmo para a agressão verbal. Quando não para a agressão psicológica. E, por aí em diante. O dinheiro, as receitas da publicidade não podem ser argumento. Para permitir tamanha promiscuidade. Parece ser tempo de estabelecer regras e normas.


Naturalmente, estamos a lavrar num campo vasto e num terreno que pode parecer movediço. E, possivelmente, em tempo algum, sobre tema consensual. Tal não invalida que se tente chamar a atenção para o que parece ser errado. Em primeiro lugar, o que parece ser publicidade de mau gosto e de pior qualidade. Em que se podem enquadrar os anúncios a uma casta de vinhos. E, também, a uma marca de arroz. Cujos bonecos, cujas figurinhas parece terem sido inspiradas nas vítimas da Guerra de Secessão do Biafra. Lá para os idos anos 60. Quando as televisões nos davam as imagens de crianças com os ventres dilatados pela fome. E á beira da morte. Por falta de comida. Para quem viu e reteve essas imagens, não é possível deixar de as recordar perante a concepção medíocre deste anúncio publicitário. Cujos autores bem poderiam ter optado por crianças moçambicanas. Num outro campo e a outro nível devemos situar o controverso anúncio publicitário sobre as próximas eleições. Também já alcunhado como “Peixe com legumes para dois”. Ora, num momento em que tanto se fala e se discute sobre violência doméstica. Em que se legisla sobre violência doméstica, estamos perante um caso de violência doméstica. Salvo melhor opinião. E de violência exercida pela mulher em relação ao homem. Atente-se no diálogo entre a mulher e o homem. Analise-se, em termos de psicologia, a forma como a mulher fala com o marido. E, com empregado do restaurante. Para impor a sua vontade. O seu autoritarismo. Assim como o texto subsequente. Final. Que retira, a qualquer um de nós, o direito, constitucional, de não escolher. E parece querer conferir à mulher o direito de escolher pelo marido. A questão de fundo é que, escolher ou não escolher é um direito individual. Todos temos o direito de escolher. Mas, também, todos temos o direito de não escolher.