domingo, outubro 03, 2010

Adiar a abordagem de mais coisas sérias

Hoje, falemos de coisas sérias. É que o que há de mais neste país são coisas sérias. Para falar. Para escrever. A primeira quer-se a última coisa séria de que há notícia é sobre o conflito homem – animal. Pela lógica, pela sequência dos termos, parece quer o homem está em conflito com o animal. Mas, nem sempre o que parece é. Assim, poderá ser, será, que aconteça o inverso. Que seja o animal que está em conflito com o homem. Principalmente elefantes. Por o homem lhe ter ocupado espaços vitais, cortadas rotas, impedido acesso a água. Vai daí, em legítima defesa dos seus direitos ancestrais, ataca o homem. Armado, este, apenas com a sua inteligência, não se vê capaz de enfrentar a força e a fúria dos paquidermes. Assim, perde culturas, é confrontado com fomes. Quantas vezes, perde a própria vida. Segundo os mais diversos noticiários. Outro assunto sério é, também, nos tempos que correm, o da violência doméstica. Agora, graças a denúncia, queixas, inquéritos, dados estatísticos, todos nós estamos a saber quantos homens agridem mulheres. Mas, também o inverso. Seja, quantas mulheres agridem homens. E o motivo que as motiva a assim proceder. Que tanto podem ser vistas como questões de género como de empoderamento. Afinal, falando de coisas sérias, a escolha dos termos nem cabe a nós. Cabe a quem paga para ser o que somos. Mesmo quando não queremos ser o que somos. Estas são, apenas, duas questões sérias. Entre muitas outras que ficam por citar.


Vale a pena. Citando o poeta, de quem muitos falam e poucos conhecem, vale sempre a pena quando a alma não é pequena. Vale, pois, a pena continuar a falar de coisas sérias. Pela simples razão de que não apenas hoje, mas, sempre deveríamos falar de coisas sérias. E, coisa séria, salvo opinião em contrário, é esta de obrigar ao registo de telefones pré-pagos. O que só poderá ser feito por maiores de 14 anos. Aqui, já não estamos no campo da verdade. Estamos, sim, no campo da dúvida. E, a dúvida é sobre a questão da idade. Sobre os critérios, os objectivos e os interesses a que obedeceu a definição da idade. Para o acesso a um determinado serviço. Que, anteriormente, não estava sujeito a qualquer limitação. Limitação que, agora, parece ter efeitos retroactivos. Logo, e se assim, estar a violar a Constituição da República. Por fim, dizer, que tanto a idade como o prazo concedido para o registo dos pré-pagos, não tem qualquer base lógica. Muito menos rigor científico. Sequer cobertura legal. Mesmo quando um qualquer ministro possa vir a público dizer que sim. Tentar provar que sim. A palavra de um ministro, aqui, como em qualquer outra parte do mundo, não constitui sinónimo de verdade. Sequer de seriedade. Por interesses outro, nada custa adiar a abordagem de mais coisas sérias.