domingo, outubro 24, 2010

Criar condições para conservar e comerciar

Um pouco de diferentes pontos do país, chegam boas notícias. Referentes à produção de comida. À produção agrícola. Oxalá as previsões se confirmem, se materializem. Oxalá que se esteja a caminhar no sentido de uma total satisfação das necessidades internas. E, logo, da redução do recurso à importação. Com a correspondente poupança de divisas. Até porque parece fazer pouco sentido ver muito do que podemos ver em estabelecimentos comerciais. Seja, ver produtos importados, alguns de países europeus, de países bem distantes, iguais aos que também sabemos produzir. E, talvez, com melhor qualidade. E mais vantagens, em termos de preços, para o consumidor. Não se trata, aqui, de impedir importações, de alterar hábitos e costumes alimentares outros. Trata-se, sim, de conseguir valorizar mais e melhor o que produzimos com igual qualidade. Em última análise, de conseguir fazer chegar ao mercado, ao consumidor, em tempo útil, a produção do camponês, do agrário. O que pode exigir uma planificação mais cuidada, mais ajustada às diferentes realidades nacionais. Digamos, em última análise, a definição de políticas integradas. Que definam, claramente, todas as etapas e todos os intervenientes no processo.



Em termos de produção agrícola, a par das boas notícias também há as más. Ainda há poucos dias, uma televisão nacional nos fez chegar os lamentos de um agricultor. Por a sua produção de batata reno estar a começar a apodrecer. Por falta de escoamento, seja, de comprador. E, também, por outro lado, por falta de meios adequados de conservação. De meios de frio. Como todos sabemos, a batata reno é um produto facilmente perecível. Que não suporta um longo período de tempo fora da terra. Antes de ser consumida. Logo, terá sido um erro estratégico, grave, ter incentivado a sua produção um pouco por todo o país. Onde não há hábitos para o seu consumo, poder de compra para a sua aquisição localmente, meios de conservação e de transporte para a fazer aos centros urbanos. Em tempo útil e sem possibilidades de apodrecer. E, sempre foi assim. Basta recordar que, antes da independência, uma parte da batata produzida em Moçambique, na região ao Sul do Save, era consumida internamente. Por falta de meios de conservação, outra parte, talvez a maior, era enviada, por caminho-de-ferro, para a África do Sul. Onde era conservada em frigoríficos. Durante meses. E de onde regressava à medida das necessidades do consumo. O exemplo acima pode ser, e com toda a certeza é, válido para outros produtos agrícolas. É aconselhável meditar. E ter presente que não é suficiente produzir. Que é preciso criar condições para conservar e comerciar.