sexta-feira, janeiro 12, 2007

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de Dezembro 17, 2006

antes e depois

Luís David


que cada semana seja quadra festiva

Estamos a chegar a mais uma quadra festiva. Estamos a poucos dias de entrar para um novo ano. Tradicionalmente, é uma época de balanço. Também de perspectiva. Um tempo de análise retrospectiva e, digamos, de antevisão, de previsão. Em último caso, de formular desejos. Mas, entre nós, é, sobretudo, um período do ano em que se verifica grande movimentação de pessoas e de bens. Quer no interior do país, quer de além e para além fronteiras. Aumenta a circulação automóvel, os membros das famílias reencontram-se, não há como contar o número de festas. Um pouco por todo o país. Para prevenir, evitar e controlar os excessos, são tomadas medidas adicionais. É que, manda dizer a realidade, o ambiente festivo da quadra festiva é propício ao aumento do número de desavenças pessoais, de crimes, de acidentes de viação. Neste cenário, ou perante este cenário, parece normal e natural e reforço em pessoal nas fronteiras, nas estradas, no interior dos centros urbanos, nos hospitais.


Entre nós, a tradição parece repetir-se. E, com muita ou pouca vontade, mobilizam-se homens, meios e vontades. Reforçam-se dispositivos e aperfeiçoam-se sistemas de actuação. Tudo em nome do cidadão. Tudo para que o cidadão, todos nós, possa ter tranquilidade e segurança durante os poucos dias da quadra festiva. É bom. É de elogiar que assim aconteça. É de elogiar este esforço de organização. Quer ela parta das Alfândegas, da Polícia ou dos Bombeiros. Também da Electricidade de Moçambique. Que, diga-se, para que conste, para que fique registado, fez divulgar, em comunicado, uma lista com mais de meia centena de números de telefone. De responsáveis seus, a nível das províncias do sul do país. Mas... Ele há sempre um mas, por vezes, incomodativo. Voltando ao global da situação, causa uma certa preocupação este processo, este método de actuação, esta maneira de pensar e de agir. Este redobrar de esforços restringido, ao que parece, a um curto período de tempo. Apenas a alguns dias e uma única vez em cada ano. Ou pouco mais. Havemos de concordar, todos, que o combate ao contrabando e ao crime, o controlo da circulação nas estradas, como forma de evitar sangrentos acidentes, e as condições para a rápida reparação de avarias na rede de distribuição de energia, não são problemas que só existem na quadra festiva. Podem aumentar, em número, pelos factores apontados, nesta época do ano. Mas são, na generalidade, problemas de todos os dias. Dos 365 dias do ano. Ora, o que se pretende dizer, o que se pretende, no concreto, é que os esforços desenvolvidos para possibilitar uma quadra festiva tranquila tenham continuidade. Ou, na impossibilidade, e visto o problema pela inversa, que a partir de Janeiro de 2007 haja mais quadras festivas. Talvez, que cada semana seja quadra festiva.