sexta-feira, janeiro 12, 2007

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de Dezembro 10, 2006


antes e depois

Luís David


está a levar tempo demais

Pelo uma empresa de segurança alertou, na última semana, os seus clientes para o aumento do número de casos de roubos de viaturas. E, igualmente por escrito, indicou-lhes alguns cuidados a ter. A como proceder em determinadas circunstâncias, consideradas anormais. Mas, foi mais além e forneceu-lhes um número de telefone. Para onde podem ligar, se necessário. Agentes de segurança de empresas privadas, que estejam longas horas em serviço no mesmo local, sabem como os criminosos se comportam. Como se movimentam e como rondam viaturas. Também esta semana (“Notícias”, do dia 6), um deputado da Assembleia da República, usando das suas prerrogativas, apelou aos reforço das medidas de segurança durante a quadra festiva que se avizinha. Dois dias depois, o mesmo matutino titulava na primeira página: “PRM procura travar onde de criminalidade”. E, a certa altura, escrevia: Falando na abertura da II Reunião do Conselho da PRM, o Vice - Ministro do Interior, José Mandra, disse que o envolvimento de agentes da corporação em actos criminais deve ter uma maior resposta dos participantes neste encontro, uma vez que a situação fere com a disciplina que se pretende implementar dentro da corporação policial. Terá dito o mesmo responsável governamental que A nível interno preocupa-nos o facto de não serem poucos os companheiros que tendo abraçado esta missão, jurando combater a criminalidade, garantir a ordem, segurança e tranquilidade pública, respeitar a ética e disciplina da PRM, claudicam e desertam moral e fisicamente, traindo a nossa causa e do Governo. Palavras, sem dúvida, corajosas. Mas que não podem deixar de causar preocupação perante a realidade em que vivemos.


Desnecessário é, certamente, elaborar, aqui, sobre as causas do crime. Quer sejam as mais ou menos profundas. O mesmo já não sucede quanto à forma de o prevenir e combater. Ou não combater. Ora, temos de ter presente que reuniões, como a referida, pouco ou nada contribuem para o combate ao crime. Servem, na melhor das hipóteses, para diagnosticar a doença. Podem, até, prescrever a medicação, o tratamento. Mas é pouco, não chega. É que, e todos o sabemos, há doentes que são renitentes. Recusam o tratamento. Então, e é aqui que está, é aqui que parece estar o estranho, o que impede a Polícia de utilizar conhecimentos e competência de empresas de segurança privada. De criar, por exemplo, uma rede de comunicações comum. Mais, o que impede a Polícia, o que faz com a Polícia evite lançar avisos, alertas, recomendações aos cidadãos. Informações simples, através dor jornais, das rádios, das televisões, sobre locais a evitar, como proceder em determinadas circunstâncias, enfim, sobre como e o que fazer. E, sobretudo e principalmente, colocar ao serviço do cidadão algumas linhas telefónicas de emergências. Com a condição de haver, sempre, alguém para atender as chamadas. De resto, e isso parece claro, as reuniões, por si só, não resolvem problema nenhum. É necessário passar à acção. O que, em abono da verdade, está a levar tempo demais.